Veja o crescimento do Varejo de Moda em junho de 2020

O crescimento do varejo de moda foi um dos que mais chamou a atenção no 1º semestre.

De todos os segmentos analisados pela mais recente pesquisa do IBGE, o setor de Moda apresentou a 2º maior expansão.

Desde o início da pandemia, o setor tem surpreendido os especialistas com o crescimento acima do esperado.

De acordo com a Pesquisa do Comércio do IBGE, o Varejo de Moda cresceu 53% em Junho de 2020, em comparação ao mês anterior.

Em Maio, o setor havia crescido 100% em relação a Abril.

O aumento, inclusive, foi maior que o de setores essenciais como Alimentação e Remédios. Mas como isso foi possível?

Opinião de especialistas em Varejo

“Quem estava olhando para a China e para a Europa se preparou e teve resultados melhores”, assim resume Pedro Ivo Martins, Diretor da Dito CRM.

Maurício Bastos, CDO da Arezzo reforçou a importância do planejamento.

Segundo ele, o fundador da marca, Anderson Birman, ligou para a Diretoria no dia 9 de Março e disse para se prepararem para o pior cenário possível. 

“No momento parecia exagero e distante, mas a gente se preparou para enfrentar mares turbulentos. A partir deste dia começamos a trabalhar em 3 verticais: em Março, entendemos o cenário; em Abril viramos a chave para o Digital; e em Maio começamos a planejar o futuro”, lembrou Bastos. 

Esse planejamento fez com que a Arezzo, já sabendo do desafio de lojas fechadas, ampliasse o investimento em ferramentas digitais que já existiam, mas que eram pouco utilizadas.

“Não foi algo que começamos agora, mas todo mundo entendeu que era uma questão básica de sobrevivência. Antes era uma venda adicional, agora virou a normalidade”, explicou.

Com 4 meses de testes e ajustes, Maurício conta que revisitou a estratégia e trabalhou para colocar de pé todos os projetos.

“Trabalhando com muita aceleração e fazendo ajustes sempre, porque a cada semana tudo pode mudar”, completou Bastos. 

Marcelo Linhares, CEO da OnFly e referência em inovação para o Varejo, observou que “na marra, as pessoas estão se digitalizando, mesmo que seja pegando o celular e mandando mensagem para todo mundo. Nesse cenário, eu percebo que quem estava em um nível mais alto de estruturação saiu muito na frente”.

Ele citou o exemplo do Grupo Soma que está mantendo de 50 a 80% do faturamento pré-pandemia.

“O canal digital está conseguindo carregar todas as vendas da companhia. Quem não tinha essa maturidade está sofrendo. Está fazendo agora, a fórceps, e está aprendendo. Mas uma empresa não fica boa em Digital em 3 meses. Por isso, quem se planejou está ganhando a corrida”, disse Linhares. 

Muitos varejistas estavam no meio do caminho: já haviam se planejado e criado projetos no Digital, mas que ainda não estavam funcionando, e precisaram, agora, voltar todas as operações para a área.

É o caso da SideWalk.

“Tínhamos vários projetos digitais a serem feitos, mas adiávamos na ânsia de querer deixar tudo perfeito. Porém, chegamos a um momento em que tivemos que colocar tudo para rodar e corrigir no caminho”, contou Felipe Azambuja, Diretor da marca.

Ele diz que, apesar de tudo, puderam tirar algo de positivo da situação.

“Conseguimos colocar em prática projetos que não tínhamos conseguido antes e, mesmo com as lojas abertas, as pessoas continuam usando os sistemas que criamos na pandemia”, completou.

Outro exemplo veio do Clube Melissa. Rafaella Cartier, Trade Marketing Manager da Multi.etc/Clube Melissa contou que, há anos, cada franqueado tem um perfil próprio no Instagram e desde o ano passado a marca vem se apoiando na rede social, como um canal comercial.

“A gente trabalhou para incentivar os franqueados a vender por delivery e criamos uma estratégia de lives semanais, nas quais, cada franqueado cria seu próprio conteúdo e estratégia de descontos.  É um cenário peculiar, ninguém nunca imaginou passar por isso, mas uma coisa que a gente aprendeu durante esse período é que a gente tem que se reinventar todos os dias”, revelou Rafaella. 

A Arezzo também obteve resultados com a estratégia de descentralização.

“Um dos tabus que foram quebrados nesse momento foi abrir mão do controle para permitir a adaptabilidade do momento e distribuir autonomia para que cada loja faça seu trabalho”, explicou Maurício.

De acordo com o CDO, a marca tinha muitas regras que restringiam as lojas de terem contas próprias nas redes sociais e a pandemia os fez quebrar todas.

“Vamos dar suporte, mas vamos experimentar e deixar as lojas trabalharem”, completou.  

Marcelo Linhares aponta que essa quebra de paradigmas e a descentralização do poder de tomada de decisão vai fazer com que o Varejo desenvolva novas  competências.

“Algumas vendedoras com top performance nas lojas físicas não estão sabendo lidar com a venda online e vice-versa. As áreas de Trade Marketing terão o desafio de munir os vendedores com informações que já eram irrelevantes, mas que agora fazem todo o sentido”. 

Rafaella Cartier concordou com essa necessidade.

“O Clube Melissa tem trabalhado muitos treinamentos para que o front comece a ter um atendimento diferente, iniciando pelo Digital. Atualmente, as vendedoras atendem via WhatsApp, canal que não proporciona a mesma possibilidade de fluidez que a loja física. Não existe como experimentar o sapato e, às vezes, as vendedoras demoram horas ou dias para finalizar a venda”, explicou.

“É um momento diferente, não sabemos como seremos no futuro, mas o comportamento digital veio pra ficar. Ele não vai mais mudar”. 

Para Maurício Bastos, da Arezzo, o Varejo precisa aprender a trabalhar no Digital sem esperar a abertura do comércio para voltar à normalidade.

“A perspectiva não é muito positiva. Uma pesquisa realizada pela Associação dos Lojistas de Calçados fala de uma previsão de queda no ano de 54%. O mercado vai, necessariamente, encolher. Mas existe uma possibilidade de diferenciação e de apostar no relacionamento com o cliente” terminou.

Qual a sua opinião sobre essas estratégias e resultados?

Conta pra gente no campo de comentários abaixo.

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O crescimento do varejo de moda foi um dos que mais chamou a atenção no 1º semestre.

De todos os segmentos analisados pela mais recente pesquisa do IBGE, o setor de Moda apresentou a 2º maior expansão.

Desde o início da pandemia, o setor tem surpreendido os especialistas com o crescimento acima do esperado.

De acordo com a Pesquisa do Comércio do IBGE, o Varejo de Moda cresceu 53% em Junho de 2020, em comparação ao mês anterior.

Em Maio, o setor havia crescido 100% em relação a Abril.

O aumento, inclusive, foi maior que o de setores essenciais como Alimentação e Remédios. Mas como isso foi possível?

Opinião de especialistas em Varejo

“Quem estava olhando para a China e para a Europa se preparou e teve resultados melhores”, assim resume Pedro Ivo Martins, Diretor da Dito CRM.

Maurício Bastos, CDO da Arezzo reforçou a importância do planejamento.

Segundo ele, o fundador da marca, Anderson Birman, ligou para a Diretoria no dia 9 de Março e disse para se prepararem para o pior cenário possível. 

“No momento parecia exagero e distante, mas a gente se preparou para enfrentar mares turbulentos. A partir deste dia começamos a trabalhar em 3 verticais: em Março, entendemos o cenário; em Abril viramos a chave para o Digital; e em Maio começamos a planejar o futuro”, lembrou Bastos. 

Esse planejamento fez com que a Arezzo, já sabendo do desafio de lojas fechadas, ampliasse o investimento em ferramentas digitais que já existiam, mas que eram pouco utilizadas.

“Não foi algo que começamos agora, mas todo mundo entendeu que era uma questão básica de sobrevivência. Antes era uma venda adicional, agora virou a normalidade”, explicou.

Com 4 meses de testes e ajustes, Maurício conta que revisitou a estratégia e trabalhou para colocar de pé todos os projetos.

“Trabalhando com muita aceleração e fazendo ajustes sempre, porque a cada semana tudo pode mudar”, completou Bastos. 

Marcelo Linhares, CEO da OnFly e referência em inovação para o Varejo, observou que “na marra, as pessoas estão se digitalizando, mesmo que seja pegando o celular e mandando mensagem para todo mundo. Nesse cenário, eu percebo que quem estava em um nível mais alto de estruturação saiu muito na frente”.

Ele citou o exemplo do Grupo Soma que está mantendo de 50 a 80% do faturamento pré-pandemia.

“O canal digital está conseguindo carregar todas as vendas da companhia. Quem não tinha essa maturidade está sofrendo. Está fazendo agora, a fórceps, e está aprendendo. Mas uma empresa não fica boa em Digital em 3 meses. Por isso, quem se planejou está ganhando a corrida”, disse Linhares. 

Muitos varejistas estavam no meio do caminho: já haviam se planejado e criado projetos no Digital, mas que ainda não estavam funcionando, e precisaram, agora, voltar todas as operações para a área.

É o caso da SideWalk.

“Tínhamos vários projetos digitais a serem feitos, mas adiávamos na ânsia de querer deixar tudo perfeito. Porém, chegamos a um momento em que tivemos que colocar tudo para rodar e corrigir no caminho”, contou Felipe Azambuja, Diretor da marca.

Ele diz que, apesar de tudo, puderam tirar algo de positivo da situação.

“Conseguimos colocar em prática projetos que não tínhamos conseguido antes e, mesmo com as lojas abertas, as pessoas continuam usando os sistemas que criamos na pandemia”, completou.

Outro exemplo veio do Clube Melissa. Rafaella Cartier, Trade Marketing Manager da Multi.etc/Clube Melissa contou que, há anos, cada franqueado tem um perfil próprio no Instagram e desde o ano passado a marca vem se apoiando na rede social, como um canal comercial.

“A gente trabalhou para incentivar os franqueados a vender por delivery e criamos uma estratégia de lives semanais, nas quais, cada franqueado cria seu próprio conteúdo e estratégia de descontos.  É um cenário peculiar, ninguém nunca imaginou passar por isso, mas uma coisa que a gente aprendeu durante esse período é que a gente tem que se reinventar todos os dias”, revelou Rafaella. 

A Arezzo também obteve resultados com a estratégia de descentralização.

“Um dos tabus que foram quebrados nesse momento foi abrir mão do controle para permitir a adaptabilidade do momento e distribuir autonomia para que cada loja faça seu trabalho”, explicou Maurício.

De acordo com o CDO, a marca tinha muitas regras que restringiam as lojas de terem contas próprias nas redes sociais e a pandemia os fez quebrar todas.

“Vamos dar suporte, mas vamos experimentar e deixar as lojas trabalharem”, completou.  

Marcelo Linhares aponta que essa quebra de paradigmas e a descentralização do poder de tomada de decisão vai fazer com que o Varejo desenvolva novas  competências.

“Algumas vendedoras com top performance nas lojas físicas não estão sabendo lidar com a venda online e vice-versa. As áreas de Trade Marketing terão o desafio de munir os vendedores com informações que já eram irrelevantes, mas que agora fazem todo o sentido”. 

Rafaella Cartier concordou com essa necessidade.

“O Clube Melissa tem trabalhado muitos treinamentos para que o front comece a ter um atendimento diferente, iniciando pelo Digital. Atualmente, as vendedoras atendem via WhatsApp, canal que não proporciona a mesma possibilidade de fluidez que a loja física. Não existe como experimentar o sapato e, às vezes, as vendedoras demoram horas ou dias para finalizar a venda”, explicou.

“É um momento diferente, não sabemos como seremos no futuro, mas o comportamento digital veio pra ficar. Ele não vai mais mudar”. 

Para Maurício Bastos, da Arezzo, o Varejo precisa aprender a trabalhar no Digital sem esperar a abertura do comércio para voltar à normalidade.

“A perspectiva não é muito positiva. Uma pesquisa realizada pela Associação dos Lojistas de Calçados fala de uma previsão de queda no ano de 54%. O mercado vai, necessariamente, encolher. Mas existe uma possibilidade de diferenciação e de apostar no relacionamento com o cliente” terminou.

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